por Perfil em
Editorial
E se o horror cósmico não estiver somente na nossa imaginação?

“Eu acredito que a coisa mais piedosa do mundo é a incapacidade da mente humana de correlacionar todos os seus conteúdos. Vivemos em uma plácida ilha de ignorância em meio aos escuros mares do infinito, e nós não devemos viajar para muito longe. As ciências, cada uma se esforçando em sua própria direção, até agora pouco nos prejudicaram; mas algum dia a junção do conhecimento dissociado abrirá visões tão aterrorizantes da realidade, e de nosso assustador lugar nela, que ou enlouqueceremos com a revelação ou fugiremos dessa luz mortal para a paz e segurança de uma nova era das trevas.”

Howard Phillips Lovecraft

Quando a gente pensa no que a ciência pode descobrir sobre o universo, a gente pensa em saber a origem da vida, colonizarmos outros planetas ou até termos contato com extraterrestres. Mas existe um ponto que muita gente não se toca e que pode ser algo muito, muito real: pode ser que existam coisas que é melhor a gente nem mesmo saber.

O que vai acontecer se a gente descobrir algo que a gente não consegue compreender?

Hoje vamos pensar sobre a seguinte pergunta: E se Lovecraft estiver certo? E se horrores cósmicos, criaturas antigas e poderosas… REALMENTE EXISTIREM?

Capítulo 1 – A Grandeza do Universo

Primeiramente, caso você ainda não saiba disso, eu preciso te dizer uma coisa: O universo é grande. Muito, muito grande. Muito maior do que qualquer coisa conhecida, literalmente, até porque toda a realidade que a gente conhece está incluída nele.

Moramos no planeta Terra, que é um planeta de tamanho mediano. E nosso planeta está dentro do sistema solar. Orbitamos o Sol, uma estrela, e há vários outros planetas junto de nós, como Marte e Vênus. E cada estrela que a gente vê no céu, cada pontinha brilhante que você olha de noite, é um sistema solar diferente, com seus próprios planetas, asteroides, luas e muito mais. E só na nossa galáxia, a Via Láctea, temos centenas de bilhões de estrelas. E no universo, a estimativa é que tenha mais ou menos 100 bilhões de galáxias.

horror cósmico
Cada ponto brilhante aqui é um sistema solar diferente

Você entende o quanto isso é grande? Não, você não entende, e eu também não entendo. Isso é muito, muito além da nossa compreensão.

Existe uma frase que é muito dita na internet, que fala que a gente conhece mais do espaço sideral, do que dos oceanos da terra. Isso é uma mentira muito deslavada; a gente não conhece quase nada do espaço. E mesmo que a gente conheça muita coisa, o que os cientistas conhecem geralmente são só as coisas que ficam sempre naqueles sistemas, tipo estrelas e planetas.

Se tiver algo só de passagem em algum lugar, a gente provavelmente nem vai saber, pelo menos não se tiver alguma forma de a gente detectar. E mesmo que a gente saiba, tudo tá tão distante, que aquilo já passou há talvez milhões de anos. Vale lembrar que os corpos vagantes que conhecemos, como cometas e asteroides, no geral estão bem perto da gente.

Quando olhamos uma estrela que está a 20 anos luz da terra, a gente está vendo como ela era há 20 anos atrás. Agora, imagine uma estrela a 100 mil anos luz, ou há um milhão de anos luz. Pode ser que a gente tenha descoberto um planeta, mas como ele está muito longe, se a gente um dia for lá para ver, ele vai estar completamente diferente.

Capítulo 2: O Medo do Desconhecido

Nós não sabemos o que espreita o universo. E é por isso que o espaço, ao mesmo tempo que fascina, também assusta.

Quando consumimos uma história de terror, muitas vezes sabemos que o monstro daquela obra não é de verdade. Mesmo que acreditemos em fantasmas, demônios e coisas do tipo, existe um fator crucial nisso tudo: nós conhecemos esses inimigos.

Mas a realidade é diferente quando falamos de horror cósmico. Nós não sabemos com o que estamos lidando. Uma criatura de horror cósmico é algo inconcebível, indescritível para um humano comum.

horror cósmico
O que mais nos assusta é não saber com o que estamos lidando

O próprio Lovecraft costumava dizer que “o sentimento mais forte e primitivo da humanidade é o medo, e o medo mais forte e primitivo é o medo do desconhecido”. Isso porque o ser humano aprendeu, em sua evolução, a temer o que ele não conhece, já que, na época das cavernas, o desconhecido significava geralmente a morte.

Chega a ser até irônico o fato de que o medo do desconhecido, a origem de todos os preconceitos da humanidade, seja fator chave nas obras de Lovecraft, uma pessoa que era extremamente preconceituosa, mesmo para a sua época.

E quando falamos do universo, nós sabemos sim que ele é imenso e infinito, mas nós não conseguimos ter de fato a noção do quão grande ele é. Até porque o ser humano não iria conseguir conviver com a ideia de que a realidade onde ele vive é completamente indiferente com ele.

Capítulo 3 – E se Lovecraft estiver certo?

Tente imaginar a seguinte situação: Você está vivendo sua vida, indo pra sua escola, pra sua faculdade, pro seu trabalho, e então, de repente, você vê que as pessoas na rua estão olhando para o céu, amedrontadas. Você olha para o céu, e vê uma criatura gigantesca passando por ele. Talvez essa criatura só esteja passando pela nossa órbita, ela talvez nem tenha vindo atacar a gente. Como você iria agir? O que você faria nessa situação?

Nada. Eu te garanto, você não faria nada. Porque não tem nada que você possa fazer, ou que eu possa fazer. Nós somos apenas seres humanos.

Só a passagem dessa criatura é suficiente pra assustar o mundo inteiro. E talvez, dependendo da distância que ela passar, destruir algumas cidades.

horror cósmico
Imagine acordar e ver isso nos céus

Agora, o mundo inteiro está em alerta. Mesmo as pessoas que não viram esse ser diretamente, que só viram os noticiários, agora vivem com medo. E tudo o que a gente construiu sobre a realidade, tudo o que a gente achava que conhecia, iria ser questionado, e talvez até cairia por terra. Como você vai dizer que o céu é cheio de coisas majestosas, quando um ser que só pode ser descrito como um demônio passou por ele? Como você pode dizer que o universo é cheio de maravilhas e coisas incríveis pra serem descobertas, quando um horror cósmico passou literalmente raspando no nosso planeta?

Para entender melhor isso, imagine que você é uma formiga. E, um dia, enquanto você está andando por sua trilha coletando folhas, de repente algo enorme, que você não sabe descrever, passa pelo seu caminho e ainda pisa em cima de seus companheiros formigas. Você consegue sobreviver, mas vários de seus amigos morreram ali. O que você iria dizer pros outros do seu formigueiro? Para o humano que passou ali, ele só pisou em algumas formigas. Para as formigas, aquilo foi morte e terror.

Caso algo assim acontecesse, o mundo nunca mais seria o mesmo. Nosso senso de realidade iria desmoronar, e descobriríamos que existem coisas no universo que poderiam acabar com todos nós num piscar de olhos.

As crenças e religiões também mudariam. Algumas tentariam explicar o ocorrido usando do que conhecem. A ciência teria que rever muitos dos seus conceitos e formas de experimentação. E surgiriam também novas seitas e religiões que se dedicariam a cultuar o novo “deus” que passou por nós, sendo que talvez ele nem seja um deus de fato, mas sim só um animal do espaço que passou por nossa atmosfera. Teríamos os famosos “cultistas de Cthulhu” no mundo real.

Imagine essa galerinha no nosso mundo

Isso significaria o fim do mundo? Provavelmente não, a não ser que um ser assim destruísse a gente completamente, deliberadamente. Isso poderia acontecer caso esse ser precisasse nos destruir para atingir algum objetivo que ele queira, mas também pode não acontecer, já que ele simplesmente não se importa. Seria o equivalente a uma pessoa querendo, por exemplo, construir uma casa num lote onde tem um cupinzeiro ou formigueiro. Para a pessoa construir a casa, a casa dos insetos será destruída, mas se nada for construído lá, os insetos ficarão em paz.

Mas não há necessidade de se preocupar com tudo isso. Existe um “mantra” que gosto de usar que diz: “se não posso fazer nada para mudar isso, não tem porque eu me preocupar”. E é justamente assim que acho que deveríamos ver toda essa situação.

Caso um “Cthulhu” chegue aqui e destrua o planeta, não tem nada que a humanidade possa fazer, então, não tem por que se importar. Vale lembrarmos também uma coisa importante: podemos não fazer diferença em escala cósmica, mas isso não quer dizer que não façamos diferença nenhuma. Fazemos a diferença para nós mesmos, e para as pessoas ao nosso redor, então não se importe se existe um deus exterior ancião vagando pelo universo, e viva a sua vida fazendo o máximo de diferença positiva que puder, para si mesmo e para as pessoas que você ama.

Para aproveitar o Halloween, escute nosso episódio do Checkpoint indicando obras de terror! Tem obra de horror cósmico também!

Algumas obras de horror cósmico que achamos que irá gostar:

A Balada de Black Tom (Victor Lavalle)

Bloodborne (From Software)

Coleção Medo Clássico H.P. Lovecraft (Editora Darkside)

Jogador desde os 4 anos de idade, Mestre Pokémon desde 2007 e apaixonado por criar conteúdo. Adoro falar de Pokémon, Avatar e tudo o que eu gosto!
Compartilhar postagem:

Postagens Relacionadas

Sem Comentários

Deixe uma resposta