por Jhonny em
Editorial

Um “The Office” menos ácido, mais empático, com críticas ao governo americano e que aquece o coração: Space Force.

A série da Netflix inicialmente chama a atenção por colocar Steve Carell interpretando o protagonista. Os órfãos de The Office já ficam animados com isto, mas não se enganem, pois as séries se diferem em muitos aspectos.

Space Force é uma sátira de um projeto do mandato de Donald Trump como presidente, onde criou-se uma operação das forças armadas para enviar militares ao espaço para missões de exploração [e talvez iniciar o projeto Halo]. “Boots on the Moon”. Nos EUA houveram diversas discussões sobre a instituição desse projeto, por ser uma operação menor que poderia conflitar entre as organizações do Exército e outras instituições com atuação no espaço, sob um orçamento altíssimo.

Nesta obra, acompanhamos o General Naird (interpretado por Carrel) ao tentar liderar esta instituição recém-criada, sem qualquer credibilidade, enquanto lida com ordens de superiores hierárquicos, vontades do presidente [que vive reclamando no Twitter] e conflitos entre os métodos dos militares e dos cientistas. Com certeza, um general com uma carreira construída sobre um histórico de adversidades poderá lidar com isso, certo? [Talvez com um ataque de nervos ou dois…]

Mas manter as operações em ordem acaba sendo um desenvolvimento secundário, servindo de palco para a atuação dos personagens [acredite, no fim você irá se apegar a todos eles]. Entre militares, cientistas e parentes, somos apresentados a um show de relacionamentos complicados que fazem piadas sobre dificuldades da vida comum [ou você irá se identificar com algo, ou verá algum conhecido que já passou por algo semelhante].

Os capítulos são bem episódicos, não criando consequências diretas no episódio subsequente, permitindo um foco no destrinchar das relações entre os personagens e culminando em grandes eventos esporádicos.

Com o passar dos episódios, vemos as grandes diferenças entre General Naird e Michael Scott (protagonista de The Office, interpretado por Carrel). Ambos são chefes de um grupo de indivíduos “peculiares”, onde as séries utilizam do cotidiano para construir a graça, usando de exageros e surrealismo. Naird, que deveria manter a postura do cargo e representar um fundamento sólido para a operação, se demonstra bem emotivo (muitas vezes, frágil) e com grande aptidão para mediação por empatia.

O humor aqui não é construído pelo constrangimento e o tom ácido [talvez este não sendo mais aceito na sua totalidade no dias de hoje], sendo até mais palpável com as interações do dia a dia e, às vezes, possuindo um ritmo bem mais lento [de vez em quando, vale pausar o episódio e voltar dentro de alguns minutos]. Até o estilo de cinematografia abandona o modelo de documentário, buscando uma representação mais épica (principalmente nos eventos esporádicos que são gradativamente construídos), flertando com a ficção científica.

As situações que beiram o ridículo, os problemas de relacionamento e as soluções carinhosas são pontos fortes dessa série!

Space Force tem duas temporadas disponíveis na Netflix, com uma terceira já confirmada. Enquanto aguardamos, fiquem ligados aqui no site para futuras notícias desta e outras obras.

A série foi indicado pelo Luiggi no Checkpoint #10, nosso bloco especial de indicações no cast do Fliperama Nerd.

A vantagem de ser nerd? É poder viver infinitas vidas em uma só.
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